A Cor da Liderança é a da Consciência

Por Dr Joel Câmara – Advogado e especialista em Psicologia Criminal

O racismo é uma das feridas mais profundas da nossa sociedade. Ele se manifesta em atitudes, estruturas e decisões que discriminam com base na cor da pele. No Brasil, essa realidade atinge com mais força a população negra, que historicamente foi marginalizada e excluída de espaços de poder, educação e oportunidade.
Segundo dados do IBGE, cerca de 70% da população abaixo da linha da pobreza é composta por pessoas negras. Esse número não diz respeito à inferioridade de um povo, mas sim à herança de um passado escravocrata e à falta de políticas públicas eficazes para mudar essa realidade.
Medidas como o sistema de cotas nas universidades públicas foram criadas não para “punir” bons estudantes, mas para ampliar o acesso de grupos historicamente excluídos ao ensino superior. Não se trata de inverter o racismo até porque racismo não é apenas ofensa individual, mas uma estrutura social de exclusão. Cotas não negam o mérito, mas reconhecem que, em um país desigual, nem todos largam da mesma linha.
A virtude não está na cor da pele, mas nos valores que carregamos. Barack Obama e Kamala Harris, por exemplo, são líderes mundiais que nos mostram que a liderança vem da integridade, da educação e do compromisso com o bem coletivo.
Infelizmente, muitos ainda julgam pessoas pela aparência ou por experiências individuais negativas. Mas é perigoso e injusto transformar casos isolados em regra para um grupo inteiro. Nenhuma cor define o caráter de uma pessoa. Todos os grupos sociais têm pessoas boas e ruins, honestas ou desonestas. A diferença está nas oportunidades que recebem e nas escolhas que fazem.
O Brasil é um país mestiço. Somos fruto de diversas misturas, culturas e histórias. Não existe uma raça pura entre nós, somos uma nação construída na diversidade. E é nessa diversidade que devemos encontrar a força para mudar o futuro.
Precisamos investir nas crianças, na educação, na formação de líderes éticos e conscientes. Independentemente da cor da pele, qualquer jovem pode ser um grande líder desde que seja ensinado a respeitar, a ouvir, a agir com justiça e a pensar no coletivo.
Liderança não é gritar mais alto, mas convocar, convencer e conduzir com sabedoria. Assim fez o imperador Mutsuhito, no Japão, que tirou seu povo da pobreza com um decreto simples e poderoso: “Quem sabe ensina a quem não sabe e todos vão buscar o saber onde houver.”
Que tal começarmos algo assim no Brasil? Imagine um projeto educacional que acolha as crianças pobres da cidade de São Sebastião, de todas as cores, sem distinção e as prepare para um futuro brilhante.
Esse é o sonho do movimento Jovens para a Paz: construir o primeiro Colégio Residencial Clube do Brasil, onde o saber, o respeito e a ética sejam as cores principais de cada aluno e aluna.
Não riam. Grandes ideias sempre parecem impossíveis no início.
Como disse Césare Cantú: “Não há nada, por pequeno e fraco que seja, que a perseverança e a continuidade não o torne grande e forte.”

Poliana Costa
Author: Poliana Costa

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