4° balanço do Censo 2022 no Distrito Federal

Após o seu adiamento, cujo término previsto era 31 de outubro, a coleta do censo completa hoje 127 dias e está em sua fase final no Distrito Federal. Dos 5.184 setores censitários existentes em Brasília, 4.750 foram trabalhados (inclui setores em andamento, realizados, paralisados, reabertos, supervisionados, liberados para pagamento e pagos), representando 91,63% deles. 93,05% dos setores urbanos do DF foram ou estão sendo trabalhados e 73,54% dos rurais estão nessa situação. O quadro atual de recenseadores é composto por 1.326 pessoas.

Da população estimada de 3.094.325 para 2021, já foram recenseadas 2.269.950 pessoas (73,36%). Do total de pessoas levantado até o dia 05/12/2020, 52,8% da população é do sexo feminino, 4.708 declararam-se como indígenas e 294 como quilombolas. O percentual de recusas era de 2,14%, abaixo da média brasileira de 2,59%.

A modalidade de coleta presencial mantém sua liderança com 98,8% dos questionários aplicados, e complementarmente, as modalidades pela internet (0,6%) e por telefone (0,5%). 95,2% dos questionários aplicados eram básicos e 4,8% eram amostrais ou ampliados.

 As regiões de Ceilândia, como Ceilândia Sul III, Ceilândia Norte III, Ceilândia Sul II, Brazlândia, Ceilândia Norte I e Santa Maria I ultrapassaram os 90% de setores coletados, com áreas já finalizadas. As regiões de Arniqueiras/Areal, Sudoeste, Lago Sul, Taguatinga Sul, Vicente Pires, Lago Norte e Asa Norte, estão com menos de 40% dos setores finalizados. E os novos recenseadores contratados estão sendo alocados nessas regiões com baixa cobertura até o momento.

Relatos dos Recenseadores do DF sobre a experiência de trabalhar para o censo

A coleta do Censo 2022 está indo para a reta final, e alguns recenseadores estão se destacando como campeões de produtividade no Distrito Federal. Conversamos com três deles para entender melhor o seu trabalho cotidiano, compreender suas dificuldades e saber quais estratégias são utilizadas para otimizar seus resultados.

Trabalhando na maior região administrativa do Distrito Federal (Ceilândia), o recenseador Denis Rafael se destaca pela quantidade de questionários aplicados, que já somam mais de 2.500. Denis explica que a principal estratégia que utiliza é falar da importância de participar do Censo e mencionar as benfeitorias que podem ser implementadas com base nos dados coletados pelo IBGE. “Explico que os dados podem impactar as políticas de energia, a regularização de serviços públicos e a construção de escolas mais perto, por exemplo. Também muitas vezes falo que o outro vizinho já respondeu e que só falta essa família para terminar a rua daquela comunidade”, pontua.

Recenseador Denis Rafael em campo/ Foto: Denis Rafael

Nas áreas urbanas, Denis explica que usa argumentos similares. “O método melhor é dizer que o Estado poderá saber quantas pessoas moram naquela região, podendo não aumentar as vagas de crianças no colégio e a quantidade de ônibus, pois se não for contabilizada a quantidade de população na região, em vez de o estado aumentar, se houver diminuição na contabilização da população, irá haver menor disponibilização de vagas e menor quantidade de ônibus”, diz.

“A cada setor finalizado percebemos o quão é importante trazer informação, porque muitas pessoas ainda desconhecem o que seria o IBGE”

Denis acredita que a maior dificuldade imposta ao trabalho dos recenseadores no Censo 2022 seja a desinformação. “A cada setor finalizado percebemos o quão é importante trazer informação, porque muitas pessoas ainda desconhecem o que seria o IBGE. Por exemplo, o pessoal acha que a gente está vendendo algum produto ou é uma empresa privada. Nas eleições houve muitas distorções: o pessoal chega na gente [sic] e fala que estamos trabalhando para algum político”, explica.

Apesar de enfrentar algumas dificuldades no trabalho, Denis afirma que frequentemente a própria população ajuda na coleta. “No começo, as pessoas ficavam receosas, mas logo me receberam e se acostumaram. Agora quase sempre eles me perguntam se os vizinhos também participaram e chamam os demais vizinhos para responderem também”, complementa.

Outro recenseador com alta produtividade é Caio Handel, que já conta com quase 2.200 questionários aplicados e atualmente está trabalhando na região da Lago Sul. Ele afirma que o dia a dia do seu trabalho envolve muita persistência e que uma das principais dificuldades é medo dos respondentes. “Tenho que lidar com a dificuldade de entrar em contato e me comunicar com as pessoas, com pessoas que recusam e não querem responder, com o medo de pessoas que não conhecem o recenseamento demográfico e o IBGE. São pessoas que às vezes têm medo de cair em algum golpe, de que eu esteja pegando informações sobre a vida delas para depois praticar algum crime. Existem também pessoas que tem medo de dar as informações, e o governo usar contra elas”, afirma.

Recenseador Caio Hendel/ Foto: Caio Hendel

 “Se eu sei que eu tenho que fazer um número específico de casas, então eu realmente priorizo isso acima de tudo. Eu não consigo ficar quieto até eu conseguir achar todo mundo”

Por esse motivo, Caio afirma que é essencial ter persistência, determinação e foco acima de tudo. “Se eu sei que eu tenho que fazer um número específico de casas, então eu realmente priorizo isso acima de tudo. Eu não consigo ficar quieto até eu conseguir achar todo mundo. Tem que trabalhar de tarde, de noite, final de semana e feriado. Às vezes os moradores acham estranho o fato de a gente estar trabalhando de noite ou no domingo, por exemplo. Mas é importante ter foco, determinação e paciência. É um requisito que precisa ter porque você não pode levar as coisas para o lado pessoal e deixar de fazer o seu trabalho”, complementa.

Mesmo com as dificuldades, Caio se diz satisfeito com o trabalho realizado. “Eu tenho aprendido muito com a pesquisa. Eu sou formado em Ciências Sociais e, através da coleta, eu tenho conseguido ver de forma muito clara e comparativa diferentes questões sociais muito expressivas”, diz. Além disso, o recenseador relata que tem sido muito interessante ver na prática a importância das pesquisas do IBGE para conhecer o perfil das pessoas Brasil, saber quais são as demandas da população e qual é a realidade verdadeira que as pessoas enfrentam.

A recenseadora Maria Daiane, por sua vez, vem se destacando na região do Itapoã, já contando com mais de 1.500 questionários aplicados. Ela afirma que seu dia a dia de trabalho é desafiador, mas, ao mesmo tempo cativante. “Entrar em contato com as pessoas é gratificante. Elas sempre eles nos cativam, principalmente os idosos e crianças”, diz.

Recenseadora Maria Daiane em campo/ Foto: Maria Daiane

Daiane indica que às vezes os moradores não lhe permitem apresentar o censo por não saber do que se trata e acabam recusando responder. “Eu supero essas recusas com delicadeza e paciência, peço licença para explicar, leio os folhetos que recebemos e até já decorei os argumentos. Então, por fim, quase não tenho dificuldades. Eu amo o meu trabalho e aplico o questionário com muita satisfação”, afirma.

Uma das estratégias utilizadas por Daiane é retornar diversas vezes ao mesmo domicílio quando os moradores estão ausentes. “A orientação que recebemos é de voltar quatro vezes, mas frequentemente eu volto muito mais do que quatro vezes, volto quantas vezes for necessário. Eu converso com os vizinhos, ligo para as pessoas, pego informações por telefone para saber mais sobre moradores ausentes. Por exemplo, moradores que se mudaram antes da data de referência”, explica.

“Dedico meu tempo para todos. Na rua, os moradores me reconhecem e me cumprimentam. É realmente gratificante”

Daiane busca tornar a resposta ao Censo um momento prazeroso. “Além de convencer as pessoas a responderem os questionários, eu converso com elas e explico sobre o Censo. É muito gratificante fazer esse trabalho de conscientização, apesar de ser também um pouco cansativo”. A recenseadora também se dedica a dar uma atenção especial aos respondentes. “Muitos falam sobre assuntos pessoais, como receitas médicas, falam de suas aflições. Eu retribuo essa confiança com carinho e dedico meu tempo para todos. Na rua, os moradores me reconhecem e me cumprimentam. É realmente gratificante”, afirma.

Ao realizar o seu trabalho, Daiane relata já ter encontrado situações comoventes. “Observei que há um alto índice de pessoas vivendo com um salário mínimo e muitas pessoas desempregadas. Já cheguei a ver situações muito difíceis, como um casal de catadores que vive em uma situação sub-humana, com falta de condições de higiene e saneamento básico, convivendo com ratos. Eu sempre fico com vontade de ajudar mais e trago essas pessoas no coração para casa”, afirma.

A recenseadora está terminando seu quinto setor e em breve estará fazendo o recenseamento demográfico em áreas rurais do Distrito Federal. “Acredito que irei ver situações ainda mais emocionantes pela frente. Penso que os moradores dessas regiões vão ter ainda mais carisma e simplicidade com relação ao Censo. Por isso, tenho a expectativa de adquirir ainda mais experiências valiosas como recenseadora”, finaliza.

Central de dúvidas

As pessoas que tiverem dúvidas sobre o recenseamento na capital federal podem entrar em contato com a Superintendência do Distrito Federal pelos telefones 3319-2157 ou 3319-2130. É importante que toda a população da cidade responda o censo e entenda sua importância, afinal, é um momento de exercício de cidadania.

Poliana Costa
Author: Poliana Costa

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