Uma das maiores encenações da Paixão de Cristo do Distrito Federal agrega celebração campal à programação
São esperadas mais de 10 mil pessoas na 32ª edição da Via Sacra de São Sebastião. Realizada pelo Instituto Chinelo de Couro em parceria com a Paróquia de Santo Afonso, a festa deste ano reforça ainda mais o seu caráter cultural e religioso, reunindo no mesmo local a encenação e a Celebração do Beijo da Cruz, importante momento da Sexta-Feira Santa que até então acontecia na própria paróquia. O evento acontecerá no Morro Bela Vista, em frente ao Parque de Exposição Agropecuário, em 29 de março, a partir das 15 horas.
“Teremos ainda mais forte a presença da comunidade religiosa, pois nossa estrutura vai abrigar esta importante celebração que acontece às 15 horas, horário atribuído à morte de Jesus Cristo”, explica Gildivan Rodrigues, presidente do Chinelo de Couro, à frente da organização.
Os papéis principais são interpretados por Vitor Caitano, como Jesus Cristo; Maria Gabriela Rodrigues, como Maria; Braian Bernardo, como Pôncio Pilatos; Lucas Silva, como Pedro, e Eduardo Chaves, como Judas Iscariotes. A direção geral fica a cargo de Gildivan Rodrigues, a coordenação de figurino, de Viviane Xavier e a coordenação de Cenografia, de Itacir Rosetti.
Uma das maiores e mais tradicionais Vias Sacras do Distrito Federal teve sua 1ª edição em 1993, na ainda Agrovila de São Sebastião. Inicialmente, narrada em forma de jogral pelos paroquianos, a Via Crucis de São Sebastião ganhou projeção ao longo dos anos, tornando-se uma das celebrações mais esperadas pelos moradores. A organização envolve ao máximo a comunidade local, desde os bastidores até o “palco” são mais de 140 pessoas. Além dos atores, figurantes, diretores e preparadores, há artesãos, carpinteiros, costureiras, eletricistas, maquiadores, fotógrafos, cinegrafistas e tantos outros colaboradores.
O espetáculo a céu aberto traz a comovente história da morte de Jesus Cristo em cenário especial. Construída pelas mãos de talentosos artesãos e artistas, a cenografia está instalada em meio a vegetação. Na parte da iluminação, a encenação, que começa às 18 horas, recebe um show de cores proporcionado pelo pôr-do-sol do Cerrado.
A carga dramática é intensa e permeia toda a apresentação. Nos ensaios, não se trabalha apenas a atuação. O controle emocional e a concentração são fundamentais para não ser levado pela comoção do público que reage a todo o momento, acompanhando o flagelo do Cristo.
No calendário oficial do Distrito Federal desde 2008, o evento ressalta a cultura como direito à cidadania e instrumento de integração social. Ao se promover e valorizar as manifestações culturais, laços comunitários e vínculos familiares e sociais são fortalecidos.
A “Encenação da Paixão de Cristo de São Sebastião” não se limita aos ensaios e à apresentação. A geração de emprego é fator importante na região administrativa com um dos menores Índices de Desenvolvimento Social do Distrito Federal, ao mesmo tempo em que se destaca como um celeiro em potencial de artistas.
Há, ainda, a realização de oficinas oferecidas à comunidade. Com o apoio de um profissional de Serviço Social, as dinâmicas trabalham a linguagem teatral, criatividade, estímulo à leitura e outras aprendizagens. Como consequência, além de conhecimento e descoberta de talentos promissores, ganha-se em integração, mobilização, noção de cidadania e ética social. A cada ano, as oficinas relacionadas à Via Sacra recebem cerca de 40 jovens que são preparados para atuar na encenação.
Enredo
A encenação é fiel à Bíblia, com reprodução dos versículos nas falas dos personagens. Com duração de, aproximadamente, três horas, o espetáculo é dividido em atos.
Começa a partir do Sinédrio, tribunal onde Jesus é julgado pelos doutores da lei. Em seguida, Judas se encontra com Zeráh, para discutir sobre a prisão de Jesus e o sinal que daria para que ele fosse identificado. Logo após o último encontro com os apóstolos na Santa Ceia, quando Jesus Cristo institui a Eucaristia como o maior alimento da alma, todos seguem para o Monte das Oliveiras, onde passam a noite em oração. Quando os discípulos dormem, Jesus, angustiado e sabedor da grande provação que se aproximava, reza: “Pai, afasta de mim este cálice”. No entanto, sua confiança e obediência ao Pai são maiores: “…, mas que prevaleça a tua vontade, e não a minha”. Judas Iscariotes, indica quem é Jesus com um beijo em sua face, denuncia-o à guarda romana, que o leva preso.
A partir daí, dá-se a Via Crucis, passando por 15 estações:
Jesus é condenado à morte por Pôncio Pilatos; Jesus carrega a sua cruz; Ele cai pela primeira vez; encontro com Maria, sua mãe; Simão ajuda-o a carregar a sua cruz; Verônica enxuga o rosto de Jesus; Jesus cai pela segunda vez; Jesus consola as mulheres de Jerusalém; Jesus cai pela terceira vez; Jesus é despojado de suas vestes; Jesus é pregado na cruz; Jesus morre na cruz; Jesus é descido da cruz; Jesus é sepultado e ressuscita.
Sobre o Instituto Cultural Chinelo de Couro
Constituído e fundado em São Sebastião em 2002, o Instituto Cultural Chinelo de Couro é uma entidade sociocultural beneficente, sem fins lucrativos. Seu objetivo é incentivar ações culturais, sociais, esportivas e folclóricas, podendo realizar trabalhos em conjunto com outros grupos, entidades e empresas. Além da realização da Encenação da Paixão de Cristo ao Vivo, no local, é mantenedor da quadrilha Junina Chinelo de Couro e da Sociedade Esportiva Cavalo de Aço, através das quais desenvolve programas diversos. O Instituto atende a jovens e adultos, em situação de risco social ou não, buscando trabalhar a cidadania e o resgate da autoestima.
Serviço:
Encenação da Paixão de Cristo ao Vivo
Local: Morro da Bela Vista, em frente ao Parque de Exposição Agropecuário- São Sebastião
Data: 29 de março
Horário (Celebração do Beijo da Cruz): das 15h às 16h
Horário (Encenação da Via Sacra): das 18h às 21h
Entrada: gratuita
Indicação: livre
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