Morre Élio Vaz, grande amigo e incentivador da cultura de São Sebastião

Por Chico Rosa

Quando ainda era um adolescente entre 12 e 14 anos de idade eu vagava sem rumo pelas ruas de São Sebastião, com meu amigo Devair, tocando pandeiro e tantã.
Por essa época eu, Máximo Mansur, Raimundo e Tião, formamos o grupo de pagode Ato de Provar, que nos anos 90 e 2000 obteve certo sucesso na nossa querida cidade.
Foi nessa época que eu conheci o Élio.
Pioneiro em São Sebastião, funcionário público, amante da música, do som de Raul Seixas e do mundo do entretenimento, quando viu nosso grupo tocando aquilo chamou atenção do Élio de tal forma que ele resolveu patrocinar o grupo e logo começou a nos ajudar financeiramente nas apresentações pela cidade ou em regiões vizinhas, chegando até a bancar o primeiro e único CD do grupo Ato de Provar, que protagonizou durante a época de ouro do pagode em São Sebastião nos anos 90.
E o Élio gostou tanto do nosso trabalho que chegou a me ajudar pessoalmente, por acreditar no meu talento, me dando de presente, seis meses de aula de bateria.
Isso acabou contribuindo para que eu, Hélio Junio (filho do Élio), Regikilbert e Vieira formássemos uma das primeiras bandas de rock de São Sebastião, chamada Meninos do Rock, que mais tarde incorporaria outros integrantes como Paulo Dagomé, Mauricio Sena, Gugu, Roberto Macedo e passaria a se chamar Depois do Começo, referência à música da Legião Urbana, banda que era a base dos nossos primeiros repertórios.
Essas pessoas que citei, entre muitas outras, eram frequentadoras assíduas da casa do Élio e da Shirlene, esposa dele à época. A casa deles era ponto de encontro de artistas que, em sua grande maioria, iniciaram suas carreiras ali. Este grande homem cuja memória homenageio aqui contribuiu muito para o surgimento dos Radicais Livres, coletivo cultural que surgiu deste grupo de artistas, tendo também contribuído com o conhecido Movimento Supernova.
Para além da grande contribuição de Élio para as artes de São Sebastião, ele era meu amigo pessoal. Muitas vezes viajamos juntos em várias aventuras pelo interior de Goiás e Minas Gerais, fomos a barzinhos para tomar cerveja, cachaça e comer um torresminho, que, aliás, ele adorava. Durante uns tempos, cheguei mesmo a morar na casa dele quando estava com problemas financeiros.
A última vez que o encontrei foi no Hospital de Base, quando ele já estava com a saúde debilitada. Nessa ocasião, tive a oportunidade de conversar com ele e relembrar momentos bacanas das nossas vidas: shows, amigos, relações amorosas e coisas do tipo.
A última vez que o encontrei já foi no Hospital de Base, com a saúde já debilitada devido a um ataque cardíaco, sendo que em sua vida Élio teve, salvo engano, quatro ataques cardíacos.
Quando cheguei no Hospital para visitá-lo fiz uma brincadeira dizendo: “Você não morre, não, né? Élio, o homem que gosta de viver” e ele bem-humorado respondeu: “Quem que quer morrer Chiquinho?
Nesse encontro tivemos a oportunidade de conversar sobre nossas viagens pelo interior de Minas e Goiás procurando casas de shows para as apresentações do seu Grupo de Forró “Ato de Provar” e falamos da nossa amizade, sobre nossos relacionamentos amorosos, sobre boteco, amizades e muitas besteiras que fizemos em nossas vidas.
Fica aqui, então, meu relato e minha singela homenagem ao meu eterno amigo Élio Francisco Vaz ou, para os íntimos, simplesmente Élio, que faleceu neste mês de janeiro de 2021 de complicações cardiácas, deixando um legado de contribuição para a cultura da nossa cidade e para mim pessoalmente.
Élio Francisco Vaz foi sepultado na tarde de quarta-feira (20/1), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, aos 59 anos, deixando sua esposa Keka, filhos e netos
E deixando a mim, pois ele me apresentava para seus amigos como sendo filho.
Deixa também vários amigos.
Valeu, Elião!
Descanse em paz, meu amigo.

Poliana Costa
Author: Poliana Costa

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