por Edvair Ribeiro
Rosa de Bittencourt, Olga Benário, Rosa Luxemburgo e muitas outras mulheres socialistas não tiveram a sua história reconhecida. A essas mulheres se junta agora a valorosa companheira Aparecida Abreu, no Olimpo das (os) socialistas, um paraíso imaginário além do pensamento teológico, onde o que importa são as ações concretas do ser humano em prol do bem-estar do semelhante. Ações estas que a companheira Aparecida desempenhou com paixão e desenvoltura de forma atuante, já a partir da infância, até os últimos dias de sua existência terrena. Filha do grande líder socialista Artur Andrade, ela bebeu e se alimentou das motivações utópicas do ideal socialista, no ambiente paterno e na posterior na convivência conjugal e militante, com o seu valoroso companheiro, esposo, amigo e colega, Sebastião de Barros Abreu.
Seu pai, Artur de Andrade partiu para o Olimpo Imaginário no ano de 2010 com 102 anos de idade. Já seu esposo, Sebastião Abreu, partiu aos 96 anos de idade no ano de 2020. É a eles e aos demais companheiros e companheiras de luta e de sonhos que a companheira Aparecida agora se juntará depois de 88 anos de vida e por mais verborrágico e prolixo que eu possa parecer, jamais conseguirei fazer jus a toda a grandeza da companheira Aparecida.
Uma mestra, líder, guerreira e mulher inspiradora que sabia tratar com leveza e bom humor os temas mais pesados sem, no entanto, perder a clareza e eficiência.
Em mim fica o sentimento de orfandade fraternal pois, com sua partida, patenteia-se cada vez mais o fim de uma era.
Aqui externo meu sentimento de solidariedade com a família e a inominável gratidão por toda influencia que o seu exemplo de vida incutiu na formação de meu pensamento socialista.
A vivencia com Dona Aparecida deixa sua marca indelével nas conquistas relacionadas com a evolução social e o bem-estar do ser humano.
Sua vida e sua luta contribuíram para tornar realidade todas nossas expressões, hoje ameaçadas, de liberdade.
Liberdade da qual ela agora desfrutará por toda a eternidade.
Para Dona Aparecida aplicam-se as palavras de Bertold Brecht, que classifica certas pessoas como seres imprescindíveis e aplica-se a ela, ainda, o pensamento consolador de Guimaraes Rosa quando ele afirma que: As pessoas não morrem. Ficam encantadas! e que se morre pra provar que viveu.
Dona Aparecida faleceu ontem,18, às 19h30min, no hospital Brasília, de causas naturais. O Velório ocorrerá nesta quinta-feira de 8h30 até as 10h30 e o sepultamento será as 11h na capela 1 do cemitério Campo da Boa Esperança.
Adeus companheira, aqui ficam minhas saudades e a esperança de um reencontro.