Diferente do que muita gente imagina, o filme da Barbie, que estreia hoje dia 20/07, está longe de nutrir o ideal da mulher ser o sexo frágil. A história da boneca aponta para uma mulher forte e independente, começando pelo slogan: “você pode ser tudo que você quiser”. Prova disso são as inúmeras profissões que a boneca teve ao longo da história, sendo mais de 180 carreiras. Algumas, ainda dominadas por homens, como: astronauta, piloto de avião, engenheira robótica, piloto de corrida, desenvolvedora de jogos, entre outras. A psicóloga Ana Streit chama a atenção para o que estes aspectos da personagem ensinam para as mulheres. “A Barbie mostra para mulher que ela é importante e valiosa. Que pode ter a carreira que quiser, e, principalmente que somos protagonistas de nossas vidas”.
Hoje, a mulher tem um espaço maior no mundo dos negócios, mas que foi conquistado aos poucos. E ainda está longe de ser o ideal. Mas, a Barbie já vem apontando isso há pelo menos 60 anos. “Outra lição que o filme aponta é que o parceiro dela o Ken, é secundário. Ela existe e faz sucesso sem necessariamente ter uma figura masculina ao lado para garantir o seu valor na sociedade. Tem muita mulher que não se sente plena por não ter um relacionamento ou mesmo, que se sujeita a um companheiro abusivo, só para não ficar sozinha. Quantas meninas nunca tiveram um Ken e sempre brincaram felizes com sua Barbie?” diz Ana.
Outro ponto, é a tendência social que cobra a mulher para ter filhos e uma família. Foram lançadas alguns pequenos bonecos, que fizeram o papel de filhos, mas, isso não é o centro da história da. “O convite implícito é que existe a possibilidade da mulher escolher se quer ter filhos ou não, e, se quer quer ter um relacionamento conjugal, ou não. Mas, nada disso é compulsório, e sim, uma escolha”, pontua a psicóloga.
Antes mesmo do lançamento do filme, nos desenhos da Barbie, a personagem já trazia alguns ensinamentos. Ela passava por processo de altos e baixos e sempre conseguia resolver os empecilhos por ela mesma sem a necessidade de um “salvador”, mesmo com um par no final. Segundo a psicóloga, o filme aborda questões que devem ser refletidas pelas mulheres, como: a realidade de uma sociedade patriarcal e os impactos do machismo no que uma mulher entende que sejam seus sonhos e desejos, bem como, os desafios enfrentados pelas mulheres no seu espaço profissional.
“A psicologia não é uma ciência desconectada da sociedade, pelo contrário. É preciso compreender as questões contextuais que nos impactam como seres humanos, e que se interrelacionam constantemente com o nosso mundo interno”, finaliza Ana Streit. A jornada da boneca barbie, tanto no filme, quanto ao longo de sua história, pode ser vista como uma oportunidade de importantes reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e as atualizações deste papel ao longo dos anos.
Sobre Ana Streit:
Ana Streit é psicóloga clínica, Mestre em Psicologia e Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), e Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Além disso, a profissional é professora, supervisora e terapeuta do esquema, já em processo de Certificação Internacional em Terapia do Esquema pela International Schema Therapy Society (ISST). A profissional gaúcha escreve e fala sobre essência e conexões saudáveis no Instagram (@anacstreit) e no Youtube (AnaStreit).
Por Consuelo de Magalhães