País às moscas
Por Vinicius Borba
Passo pela tradicional rua 48, na busca de coisas que só encontro por lá. Me aborda um senhor com pinta de gerente, na porta de uma das lojas: “Compra alguma coisa aqui!”, pede quase implorando.
Eu sei que a economia vai mal. E não foi mera culpa do PT. Foi a enorme crise do capitalismo selvagem norte-americano e europeu que quebrou bolsas e países no mundo todo. Pesquise “Lemon and Brothers” em 2008 e saberá. Mas aqui piorou com a crise política e jurídica impulsionada pelo sensacionalismo que levou um incapaz à presidência da república – o golpe, enfim. Alguém que não entende de economia e fala muita bobagem desequilibrando nosso mercado a cada tweet, a cada postagem na internet ou fala na televisão. Já perdemos contratos internacionais, exportações de produtos brasileiros para fora por causa do descontrole e insensatez de quem ocupa a Presidência. Não entende que não governa para meia dúzia de amigos ou aliados. Agora é presidente de um país.
Vi a mesma rua 48 passar de um faroeste mal asfaltado para centro comercial desde que governos democrático-populares deram capacidade de consumo e compra ao salário mínimo, garantindo incentivo ao consumo local entre 2002 e 2016. Mas agora não se faz mais política pensando no povo. Pensasse política como um mero jogo. Um desastre ambiental pode detonar o verão no litoral nordestino – e com isso os negócios do turismo que tanto rendem aos brasileiros – mas o presidente faz joguete com o desastre e fica apontando inimigos imaginários, ao invés de simplesmente ajudar proteger o povo e a natureza. Não é capaz oficialmente sequer de indicar publicamente qual é a origem do óleo que contamina nossas maiores belezas naturais. Não é capaz ou fecha os olhos para não ver se algum aliado do capital financeiro é quem realmente cometeu mais este crime ambiental.