Ronaldo Mota, reitor da Universidade Estácio, fala sobre as novas tendências da Educação

Por Vanessa Castro Jornalista

Valorização da individualidade no Ensino Superior é fundamental na era digital

Na última segunda-feira (03), o reitor da Universidade Estácio fez uma palestra para os alunos de Pedagogia e Matemática para o corpo docente e para os profissionais de áreas correlatas sobre as novas tendências da Educação e do Ensino Superior.

O auditório central do Centro Universitário Estácio de Brasília, na unidade de Taguatinga, estava repleto de participantes. Durante pouco mais de uma hora, Ronaldo Mota falou sobre pontos importantes para a aprendizagem e para melhor aproveitamento do aluno durante sua formação superior.

Ronaldo Mota é também pós-doutor em Física pela University of Utah e pela University of British Columbia, estuda as novas tecnologias na educação contemporânea e, também, as metodologias educacionais inovadoras.

Qual a principal habilidade de um docente nos dias atuais?

O ato de educar começa com o domínio de conteúdo pelo professor, mas a transmissão do saber não é algo abstrato, mas sim concreto. Parte-se do fato de que o professor transmite para quem, ou seja, um indivíduo. O bom professor deve ter a capacidade empática de entender seus educandos. É um exercício muito delicado, mas possível. É preciso, dentro do processo educacional, de forma global, entender o outro, colocando-se no lugar do outro. Isto é imprescindível no atual processo de educação.

Qual a sua opinião sobre a atual proposta de reestruturação para o Ensino Médio e como essa mudança impactaria os novos alunos do Ensino Superior?

Primeiramente, o Brasil tem um grave problema educacional: a nossa educação não vai bem, isto em todos os níveis educacionais. Mas, no Ensino Médio, essa situação é aguda. O atual modelo agrega muito pouco aos alunos, visto que, muitas vezes, [o Ensino Médio] é cursado apenas como uma fase do processo educacional. Portanto, alimentar essa discussão é urgente, pois demanda modificações profundas. Hoje [o Ensino Médio] é demasiadamente engessado pela estrutura das disciplinas ofertadas. Portanto, é necessário ter matérias universalizadas e, mas ainda, um conjunto de outras que possam ser customizadas a cada objetivo e circunstância. É necessária uma discussão positiva e propositiva. O país, no momento, tem o titulo nada honroso de ter o pior Ensino Médio do planeta, pois não valida a boa preparação para o Ensino Superior e também não consegue preparar para a vida profissional.

O perfil do aluno do Ensino Superior é múltiplo, as novas tecnologias são aliadas no processo de educação. Como identifica o aluno contemporâneo?

Amplo. O ensino superior, hoje, abrange áreas bastante acadêmicas (mestrado e doutorado), também os cursos de tecnólogos, de curta e média duração, voltados para atividades profissionais que atendam à demanda do mercado. O papel da instituição é estar preparado para atender a essa demanda. Sobretudo, é preciso estabelecer as diferenças que transmitam conteúdos e desenvolvam habilidades que atendam a esses perfis. É preciso respeitar as individualidades da aprendizagem de cada aluno. Precisamos desenvolver metodologias tecnológicas criativas, por meio das quais todos possam estudar em todo o lugar, o tempo todo. Somos um povo múltiplo, pertencente a um caldo cultural muito rico.

Este ano o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) completou 18 anos. Quais os pontos positivos e os negativos desta ferramenta de avaliação?

É um processo misto: ele busca, primeiramente, mapear o que acontece no Ensino Médio de forma global; segundo, é uma ferramenta para que as instituições de Ensino Superior possam selecionar seus alunos, parcial ou integralmente. O que me preocupa no Enem é o viés de conferir a capacidade de memória do aluno. O mais importante é catalogar e perceber a capacidade de raciocínio a partir do desafio das questões propostas. Deveria medir ambas as capacidades, sendo, assim, mais contemporâneo.

 

Poliana Costa
Author: Poliana Costa

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