Pesquisas afirmam que o ser humano, em formação no útero, já percebe os sons. Um dos mais importantes seria o batimento cardíaco da gestante. As pesquisas variam quanto ao momento exato da gestação em que isso acontece. Sabe-se que é uma audição rudimentar a se desenvolver ao longo do período gestacional.
Os estudos não se esgotam no intuito de desvendar os mistérios da comunicação entre o feto e a mãe. Ao chegar ao mundo, os bebês recebem uma quantidade maior de informações e encontram na audição suporte fundamental para adquirir e desenvolver a linguagem.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 1,5% da população sejam portadoras de deficiência auditiva. Aproximadamente, uma a cada 1000 crianças é afetada por surdez ao nascer. Mas haveria como reduzir essas estatísticas? Uma das medidas capazes de garantir queda nesses números é a Triagem Auditiva Neonatal. É também chamada de Exame de Emissões Otoacústicas Evocadas. Já ouviu falar? E o Teste da Orelhinha, como é popularmente conhecida a avaliação?
O procedimento é rápido – não dura mais do que 10 minutos, simples e não provoca dor. Não confunda. O teste do pezinho é que consiste numa furadinha no calcanhar. No Teste da Orelhinha, o profissional aproveita o momento de sono do bebê e coloca uma espécie de fone na orelha dele. O aparelho vai emitir sons e captar as respostas produzidas pela cóclea – responsável por transformar as vibrações sonoras em estímulos nervosos. “O exame é extremamente eficaz para identificar alterações auditivas. A detecção precoce, sem dúvidas, auxilia na correção e, consequentemente, na minimização da perda auditiva”, destaca a especialista em Audiologia.
Em geral, o pediatra faz o pedido após o parto. O ideal é realizar o exame ainda no hospital, de 24h a 48h depois do nascimento. Se passado esse prazo, vale a recomendação de não deixar passar do primeiro mês de vida. E por que os pais devem ter pressa? A identificação precoce da perda auditiva significa maiores chances de evitar sequelas, entre elas, alterações na aquisição da linguagem, prejuízos no desenvolvimento social, psíquico e educacional.
Origem:
Em 1999, o Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância (CBPAI) propôs o teste para recém-nascidos. No ano seguinte, foi a vez do Conselho Federal de Fonoaudiologia ratificar a importância da avaliação. No início, entendia-se ser necessário focar apenas os bebês pertencentes aos grupos de risco, como por exemplo, os filhos de pais com deficiência auditiva.
Depois, percebeu-se a importância de realizá-lo em todos, sem exceção. Foi o marco para transformar o Teste da Orelhinha de opcional para obrigatório. “Em 2001, estados e municípios criaram leis para obrigar a realização do teste. Em 2010, a regra passou a valer em todo o País por meio de uma norma federal, a Lei nº 12.303/2010”.
Campanhas
O Teste da Orelhinha é gratuito e pode ser feito em hospitais públicos, particulares e nas clínicas de Audiologia. Desde que se tornou obrigatório, as campanhas são frequentes na rede pública e privada com o objetivo de chamar a atenção para a surdez na infância.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2014 e 2015, houve uma expansão da cobertura dessa avaliação. O percentual passou de 28,5% para 30,8%. No mesmo período, ocorreu um aumento de 7%, com variação de 678,7 mil para 726,4 mil testes. Em 2016, já foram 366,5 mil testes realizados.
Informações aos pais:
- se confirmada a existência de perda auditiva, a intervenção fonoaudiológica deve iniciar imediatamente;
- essa medida precoce, antes dos 6 meses de idade, proporciona à criança deficiente auditiva o desenvolvimento da linguagem muito próximo ao da criança ouvinte;
- ao contrário, o tratamento tardio (após os 6 meses de idade) acarreta prejuízos irreversíveis, como atraso ou impossibilidade de falar, comprometimento nas áreas emocional, social e cognitiva;
- as intervenções incluem o uso de aparelhos auditivos (AASI) e cirurgia de implante coclear.