80% dos casos são registrados em mulheres. Não há exames específicos para o diagnóstico da doença, por isso, muitas vezes, é confundida com dores imaginárias.
Por Rayane Bueno Novaes
Estresse, depressão e traumas físicos ou psicológicos podem ser o gatilho para o desenvolvimento da fibromialgia, mal que acomete principalmente as mulheres. A síndrome que causa dores crônicas por todo o corpo é a segunda doença reumática com maior incidência nos consultórios, e seus efeitos atingem diretamente a produtividade e a vida social dos pacientes.
Considera-se que 2% a 4% da população sofrem com os sintomas da fibromialgia, que atinge oito vezes mais o sexo feminino, na faixa etária entre 30 e 50 anos. Embora a causa ainda seja incerta e de difícil diagnóstico, especialistas acreditam que, além de fatores hereditários, pessoas com diminuição de níveis da serotonina e noradrenalina e alteração no processo modulador da dor são mais suscetíveis à doença.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, cerca de 50% dos pacientes com fibromialgia apresentam depressão. Embora esteja relacionada a fatores psicoemocionais, a dor causada pela doença não pode ser considerada especificamente emocional ou imaginária. Ou seja, a dor é real, mas aspectos como a tristeza e a ansiedade podem potencializar os efeitos.
A reumatologista da equipe da Dor da NeuroAnchieta, Dra. Bruna Arrais, destaca que há fatores que podem desencadear e, até mesmo, perpetuar a doença. “A fibromialgia é uma síndrome de manifestação clínica complexa, que pode gerar uma constelação de sintomas, que ficam ainda mais evidentes quando o paciente passa por algum problema na vida pessoal, em casa ou no trabalho. Então, em muitos pacientes, conseguimos identificar algum componente psicológico muito importante.”
Sintomas
Além de dores difusas persistentes, pessoas com fibromialgia também podem se queixar de alterações intestinais (prisão de ventre ou diarreia), distúrbios do sono, enxaqueca, dificuldades na concentração e memória.
Tratamentos
A fibromialgia é uma síndrome que não tem cura, mas existem tratamentos efetivos. Dra. Bruna Arrais relata que é muito importante que logo aos primeiros sinais da doença, o paciente procure ajuda especializada. “Quanto antes tratar, melhor para a qualidade de vida. A doença requer um tratamento multidisciplinar; assim, conseguimos evitar um quadro mais sério, que pode até gerar afastamento do trabalho.”
Dependendo do caso, indica-se tratamento farmacológico, exercícios físicos, acupuntura, psicoterapia e meditação.