Desafios e impactos dos moradores de rua em São Sebastião

Por Poliana Costa

A cidade de São Sebastião enfrenta desafios significativos relacionados aos moradores de rua, uma questão social que tem impactado não apenas as vidas dessas pessoas, mas também a dinâmica da comunidade e do comércio local. São Sebastião, conhecida por sua rica história na construção de Brasília, enfrenta um aumento preocupante no número de moradores de rua.

Essa realidade traz consigo uma série de desafios sociais e econômicos, impactando diretamente a qualidade de vida dos cidadãos e o desenvolvimento sustentável da cidade. Com a sensação de insegurança crescente, os consumidores evitam as áreas com alta concentração de moradores de rua, impactando diretamente os comerciantes. “Precisamos de uma maior ronda extensiva para tentar resolver essa insegurança. Eu moro nos Condomínios e dependo muito de São Sebastião para comprar e confesso que não me sinto seguro com a situação. A farmácia do meu amigo foi assaltada não tem um mês aqui na cidade.”, lamenta Oscar de Melo, morador do Jardim Botânico.

Para aliviar os riscos associados à presença de moradores de rua, os comerciantes muitas vezes precisam investir em medidas adicionais de segurança. Comerciante desde 2007 na cidade, Sr. Soares lamenta o aumento de moradores de rua e furtos na loja. “Tive que fazer uma obra para fechar as paredes atrás da minha loja e aumentar as câmeras. Graças a Deus, não entraram mais na minha loja. Acredito que o índice está aumentando e sei que não são apenas os moradores de rua que andam furtando, mas acredito que haja moradores de rua que estão perturbando os comércios, e isso afeta a imagem de São Sebastião. Teve uma cliente que chegou assustada, com medo de moradores de rua que ficam perto dos carros. Isso está nos prejudicando”, revela o empresário.

Apesar dos desafios, São Sebastião conta com 05 casas de acolhimento, ficando em segundo lugar no ranking do DF. A coordenadora de uma das casas, Vanilda Conceição, conta que eles são responsáveis pelos que estão nas casas e que são muitas vezes não compreendidos pelas pessoas que ao menos sabem como funcionam as casas. “As pessoas não entendem que as casas são políticas públicas e não é um favor que estamos fazendo para as pessoas em situação de rua. As pessoas que estão aqui, são pessoas doentes com vícios e a gente tenta ao máximo potencializar essas pessoas para saírem das ruas e o projeto de vida delas é permanecer na Casa de Acolhimento. Temos pessoas que saíram do sistema penitenciário, na qual elas passaram 10 anos sob regras fortíssimas, severas e hoje elas se sentem inseguras em irem para uma quitinete e não terem regras e terem recaídas. Aqui as pessoas trabalham, estudam, fazem cursos, então não é de todo ruim. Não acolhemos as pessoas de portas abertas, as pessoas chegam aqui pela Central de Vaga. As vagas são solicitadas pela Saúde, Centro Cop, CREA e pela Central. O apoio financeiro que eles têm são os direitos universais que todos têm, tipo o Bolsa Família, o Vulnerabilidade em caso de emergência e o prato cheio no caso de saúde comprovados por laudos.”

Questionada sobre a possível vinda de mais Casas de Acolhimento para São Sebastião, a coordenadora explicou que não passa de rumores. “A Secretária tem o conhecimento de tudo o que acontece e diante de tantas manifestações na cidade contra as casas. Não é possível que a SEDES vai liberar mais casas para cá. Existe uma licitação, mas não será para a cidade.”

A Secretaria de Desenvolvimento Social do DF é responsável pelas licitações dos abrigos na região, nossa equipe entrou em contato para mais informações, mas sem respostas até o fechamento desta edição.

O Administrador Regional, Roberto Medeiros, compartilha sua perspectiva sobre a questão dos moradores de rua. “Como cidadão, eu sou morador da cidade há 28 anos e tem uma casa de acolhimento na minha rua, realmente, oferece algum incômodo, pessoas indo e vindo, pessoas que ficam sentadas na calçada da gente, já vi gente usando drogas na rua. Mas, é um direito do cidadão ir e vir, é difícil a gente questionar. Agora como Administração pública, não podemos impedir as pessoas, é um direito social, isso é questão de política pública do governo.  Nós, como Administração Regional, entendemos o clamor da comunidade em reclamar, mas o cidadão tem direito à assistência. Normalmente, os moradores de rua não querem ir para as casas de apoio, muita gente confunde que todo morador de rua é das casas.” Concluiu

O Tenente-Coronel Vieira, do 21º BPM de São Sebastião, está ciente dos pequenos furtos e da insegurança na comunidade e já se reuniu com os responsáveis pelas casas de acolhimento. “Fizemos contato pedindo uma visita dos responsáveis aqui no Quartel. Eles falaram sobre as dificuldades. Recebem pessoas em estado de vulnerabilidade, e na casa há regras, as que não se encaixam nelas têm que sair do recinto e, por sua vez, ficam nas ruas, consumindo álcool e, para alimentar o vício, acabam praticando pequenos furtos no comércio. Essa questão existe e, cada vez mais, aumenta o número de moradores de rua. As pessoas chamam a presença da PM, a polícia vai, mas não pode retirar a pessoa do local, só podemos realizar a abordagem quando há um crime em andamento. Temos recomendações do Ministério Público sobre o tratamento com pessoas em estado de vulnerabilidade, temos que ter cautela e respeitar a situação, enquanto elas não estiverem cometendo delitos. Isso gera certa insatisfação por parte da população. O que o Batalhão tem feito é aumentar as rondas onde há essa aglomeração e onde há a prática dos delitos.

O Comandante ressalta a sensação de insegurança e os furtos ao comércio. “Nossa equipe comunitária fica responsável por orientar os proprietários sobre as fragilidades do comércio e, logo depois, retornamos no outro dia e na semana para verificar os movimentos e resgatar a sensação de segurança para as pessoas. Hoje trabalhamos com a rádio patrulha, o GTOP, Provid e o policiamento comunitário.” O Tenente-Coronel revela que, mesmo com o baixo efetivo, eles oferecem o melhor atendimento com qualidade para a comunidade do Tororó, Jardim Botânico, Altiplano Leste, Café Sem Troco e São Sebastião e solicita às autoridades políticas o aumento do efetivo, pois são praticamente 300 mil pessoas para os cuidados do 21º BPM.

O Batalhão abre CONTATO DE EMERGÊNCIA direto para os leitores do Jornal Daqui DF, o número é 61 99427-3778.

Poliana Costa
Author: Poliana Costa

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