Foto:Córrego do Atoleiro em Planaltina sofre com descarte de lixo e entulho
A falta de atenção do poder público com os córregos e cachoeiras está levando os cursos d’água do DF a uma situação irreversível
Por professor Adolpho Fuica
Um movimento muito importante de ambientalistas e moradores de áreas próximas de córregos e cachoeiras está denunciando uma situação inaceitável: as águas do Distrito Federal estão poluídas e não servem ao potencial que têm para atrair o ecoturismo e para a nossa sustentabilidade.
O rastro de poluição leva risco a toda a população do Distrito Federal. Temos, por exemplo, a microbacia do Ribeirão de Sobradinho, com um trecho de 28 quilômetros comprometido pela poluição. É um rio impróprio para banho, para consumo animal e de pouca visibilidade e transparência.
Pior é a situação do córrego do Guará, que está sofrendo com rejeitos despejados diretos no seu curso, o que é extremamente grave para uma reserva ambiental. Praticamente todos os rios e córregos do Distrito Federal estão no nível 3 do enquadramento da Agência Nacional de Águas. São corpos d’água onde é permitido o abastecimento para consumo humano somente após tratamento convencional ou avançado.
Esse é um alerta para todos os moradores do DF e estados vizinhos – por mais distante que estejam, nossos irmãos do Goiás e Minas Gerais sentem o efeito da poluição produzida aqui: não tomem banho em rios onde não têm sinalização, não bebam a água de córregos e cachoeiras.
É fato crítico que dezenas de assentamentos populacionais despejam seus esgotos in natura nos rios. E o mais grave é que isso tem o consentimento do poder público. O governo alega que faz o tratamento de 100% do esgoto no DF. Mas é um tratamento somente do que se coleta, que não chega a 30% dos resíduos. Parece que querem jogar essa sujeira para debaixo do tapete.
O que nós queremos é a realização de análises trimestrais das águas, transparência nos resultados, e que o poder público tenha uma comunicação eficaz e clara sobre as condições dos nossos córregos, rios e bacias hidrográficas.
Segundo a Agência Nacional de Águas, precisamos ter o rio que temos, o rio que queremos e o rio que podemos ter. Esse é um programa nacional que precisa ser levado a sério. Ainda não temos um rio de nível 4, que é totalmente poluído, mas, da forma como estão tratando o tema, infelizmente isso deve ocorrer em pouco tempo.
Tenha consciência sobre o uso da água. Toda atividade doméstica que gera descarte de água atinge diretamente nossos rios e córregos. Reflita e cobre dos agentes públicos o tratamento do esgoto. Afinal, todos nós pagamos por isso e a conta não pode ficar para a natureza.
http://pnqa.ana.gov.br/Publicacao/CursoEnquadramentoPortal2010.pdf
