A BIGORNA por Dr Joel Câmara

Por Joel Câmara – Doutor em Psicologia Criminal

 

Ninguém alcança a vitória em nada se não acredita em si mesmo.

Por isso, tenho sido vencedor em todas as batalhas que enfrento.

Sou filho de dois idealistas: meu pai, Elpídio Camara, e minha mãe, Lourdes Monteiro (Querubina Sampaio de Aruda Camara), que foram líderes do Movimento de Cultura Popular no Norte e Nordeste do Brasil, de 1930 a 1960.

Herdei o ideário deles, que exige coragem.

Percebendo que enfrentavam dificuldades financeiras para nos educar, decidi, aos dezesseis anos, trabalhar para ter meu próprio dinheiro, gastando-o em cinemas, passeios, guloseimas, etc.

Depois de muita insistência minha, meu pai decidiu me levar ao Dr. Hélio Coutinho, Diretor da Administração do Porto do Recife, esperando que ele me desiludisse da ideia de começar a trabalhar.

Na entrevista, com meu pai presente, Dr. Hélio explicou que só poderia me admitir como Aprendiz de Oficina. Aceitei de imediato.

Perplexo, ele insistiu, avisando que o salário seria uma “mixaria”.

— Não tem importância — respondi.

Dr. Hélio e meu pai se entreolharam, surpresos, mas não desistiram de me convencer a desistir do meu sonho de infância.

Como eu insistia, Dr. Hélio acrescentou que a única vaga era para trabalhar numa bigorna!

Eles quase caíram das cadeiras quando eu disse:

— Aceito!

Ainda assim, continuaram a dificultar minha admissão, e Dr. Hélio mencionou que a marreta era grande e pesada.

Respondi:

— Faremos uma marreta só pra mim.

Eles não aguentaram mais. Caíram na gargalhada, se cumprimentaram, e Dr. Hélio disse enfaticamente ao meu pai:

— Joelzinho sabe o que quer. Esse menino é REVOLUCIONÁRIO!

E me orientou a voltar no dia seguinte para assinar o termo de posse.

Ao voltarmos para casa, minha mãe, meu irmão Álvaro e minha irmã Lygia nos esperavam.

Quando Álvaro soube que eu iria trabalhar na bigorna, caiu na gargalhada e concluiu:

— Amanhã traz a bigorna pra gente ver.

No dia seguinte, cheguei ao Departamento de Conservação uma hora antes. O primeiro funcionário que encontrei foi Clovis, com quem fiz logo amizade e expliquei que tinha sido nomeado para trabalhar ali. Logo estava me apresentando aos demais funcionários.

Clovis comentou com Simonneti que precisava de alguém para conferir um relatório de gastos da Administração, e eu me ofereci para ajudar. Ele aceitou.

Ao final do expediente, ao chegar em casa, toda a família me esperava. Álvaro, numa gargalhada, perguntou:

— E então, gostou de trabalhar na bigorna?

— Não só gostei, como ganhei uma de presente do meu colega Clovis!

As risadas aumentaram quando mostrei o pegador de papel, explicando que agora trabalhava como escriturário na Administração do Porto.

Lembrei a todos da recomendação de Jesus: “A fé sem obras é nula.”

Hoje, a “bigorna”, com uma mensagem esotérica “Hei de Vencer”, ainda adorna minha sala de visitas.

Moral da história: para ser vitorioso, primeiro você precisa acreditar em si mesmo e agir.

Joel Câmara - Doutor em Psicologia Criminal
Joel Câmara – Doutor em Psicologia Criminal

 

Poliana Costa
Author: Poliana Costa

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