Em clima de celebração de 30 anos de carreira e pré-estreia de documentário na Netflix, grupo de rap reafirma potência com performance impecável diante público do DF
por Guilherme Alexandre
por Guilherme Alexandre
O show mais aguardado do primeiro fim de semana de novembro, em Brasília, no último sábado (5), do maior, importante e politizado grupo de rap do Brasil, Racionais MC’s, entregou toda a visceralidade que já se esperava da multidão devota que vibrou e cantou durante toda a apresentação. Em espaço reduzido no estádio Mané Garrincha, apesar de atrasos e problemas de organização logística, público se fez satisfeito e de alma lavada.
Não há dúvida alguma que conteste a relevância e grandeza de Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e KL Jay: os Racionais MC’s. Lenda viva do rap nacional, desde o início da década de 90 sucessos são cantados e reverenciados pela legião de fãs que eles carregam por todo o país, principalmente nas periferias. E, embora a apresentação tenha sido em região nobre da capital federal, a periferia do DF compareceu em peso, como já era previsto.
Hinos como Negro Drama, Vida Loka e Jesus Chorou pode se dizer que atingiram o clímax do show, com todos cantando entregues de corpo e alma, junto com os artistas, numa parceria recípocra entre ídolos e fãs. Assim como no Rock in Rio, em Negro Drama, nomes e fotografias de jovens negros e periféricos mortos nos últimos anos, incluindo Marielle Franco, passaram no telão de palco da banda, dando um tom mais emocionante e sensível à música repleta de representativade.
Filas rodeavam todo o Mané Garrincha até pouco antes do show começar. A sensação era de que o estádio em sua totalidade poderia ser lotado facilmente pela força e popularidade dos Racionais. Mas, com todos mais apertados em local menor, criou-se a sinergia visceral em que a plateia faz parte do show com mais proximidade da atração, tornando o ambiente mais intenso, o que combina com o conjunto.
No final, não houve transtorno algum e todos presentes saíram com sensação de felicidade após catarse, celebração e confraternização, onde pessoas diversas compartilharam a dádiva que só a arte é capaz de proporcionar.
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