Vítimas do Essure: solução contraceptiva virou problema de saúde

Ao menos 107 moradoras do DF reclamam de efeitos adversos do método implantado pelo SUS. Uma obteve liminar favorável obrigando a retirada

Pouco tempo depois de ter começado a ser implantado em mulheres de vários países do mundo, o Essure passou a ser questionado pela comunidade médica. As pacientes relatavam efeitos adversos, como dor crônica, inchaço na barriga, mudança no fluxo menstrual, migração do dispositivo para outras partes do corpo, reações de sensibilidade ao níquel, dores fortes durante o ato sexual e até gestações indesejadas.
No Distrito Federal, a estimativa da Secretaria de Saúde é que 2 mil dispositivos foram colocados em pacientes. Destes, apenas dois foram retirados. De acordo com a pasta, apenas seis mulheres procuraram o Hmib reclamando do Essure. Depois de avaliação clínica, julgou-se a necessidade de operar apenas duas delas. O grupo Vítimas do Essure questiona a desorganização e a demora da Secretaria de Saúde em seguir a orientação do órgão federal.
O advogado João Paulo Todde, que representa 62 das mulheres do grupo de Brasília, acusa o Estado de leniência. “O primeiro ato devia ser chamar todas as mulheres que fizeram o procedimento para imediata avaliação física e psicológica e, se for o caso, fazer a retirada. É uma questão de humanidade”, afirma.
A empresária Gizeli de Jesus Silva, 40, foi a primeira vítima brasilense a conseguir uma ordem judicial obrigando o governo a retirar o Essure do seu corpo. No último sábado (12/10/2019), por meio de uma liminar, o juiz Gabriel Moreira Carvalho Coura considerou que a empresária corre risco de vida e o Estado deve realizar a cirurgia para a retirada do dispositivo o mais rápido possível: se não houver vaga na rede pública, o procedimento deve ser feito na rede particular. Mãe de dois filhos, em 2013 a empresária optou pelo método com a mesma promessa das outras mulheres: algo indolor, rápido. Seis anos depois do procedimento, Gizeli apresenta fluxo menstrual intenso, inflamação nas articulações, fadiga, dor de cabeça, esquecimento e uma dor que começa no quadril, vai descendo pelas pernas e a impossibilita de ficar em pé por muito tempo, andar de bicicleta ou fazer caminhadas. “É muito triste, meus filhos me veem sofrendo o tempo todo”, afirma.
A Secretaria de Saúde afirma que as pacientes com os sintomas podem buscar o Hmib a qualquer tempo. O hospital da rede pública é o indicado porque os contraceptivos foram instalados lá.

Informações: Metrópoles

Poliana Costa
Author: Poliana Costa

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