A população do DF possui o maior número médio de anos de estudo, o maior percentual da população com nível superior de ensino, principalmente as mulheres

Faixa de 60 anos ou mais de idade apresenta maior taxa de analfabetismo e maior discrepância por sexo e cor ou raça no DF

No Distrito Federal, em 2019, havia 66 mil pessoas de 15 anos ou mais de idade analfabetas, o equivalente a uma taxa de analfabetismo de 2,7%, bem abaixo da taxa registrada no Brasil (6,6%). Em comparação com as Unidades da Federação, o DF apresentou a quinta menor taxa de analfabetismo, atrás do Rio de Janeiro (2,1%), de Santa Catarina (2,3%), São Paulo (2,6%) e Rio Grande do Sul (2,6%). As piores taxas ficaram com Alagoas (17,1%), Paraíba (16,1%) e Piauí (16%).

Nota-se que, no DF, assim como no Brasil, o analfabetismo está diretamente associado à idade. Quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos. Em 2019, eram 35 mil analfabetos com 60 anos ou mais, o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 8,8% para esse grupo etário – com queda de 2,7 pontos percentuais de 2018 para 2019 e estabilidade quando comparado com 2016. Ao incluir, gradualmente, os grupos etários mais novos, observa-se queda no analfabetismo.


Esses resultados indicam que as gerações mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda enquanto crianças. Por outro lado, os analfabetos continuam concentrados entre os mais velhos e mudanças na taxa de analfabetismo para esse grupo se dão, em grande parte, devido às questões demográficas como, por exemplo, o envelhecimento da população.

No Distrito Federal, na comparação por sexo, a taxa de analfabetismo das mulheres de 15 anos ou mais, em 2019, foi de 2,9%, enquanto a dos homens foi de 2,5%. Em relação a 2018, essa taxa se manteve estável para as mulheres, e teve queda de 0,8 pontos percentuais para os homens. Para os homens de 60 anos ou mais do DF, houve queda expressiva na taxa de analfabetismo de 2018 para 2019 (5 p. p.). Já para as mulheres da mesma faixa etária, houve estabilidade. Observa-se que a proporção para esse grupo de idade, no DF, é de 57,8% de mulheres e 42,1% de homens.

Na análise por cor ou raça, em 2019, no DF, 2,1% das pessoas brancas eram analfabetas. Para o mesmo indicador, a proporção de pessoas pretas e pardas era de 3,1%. Para o grupo etário de 60 anos ou mais, a proporção foi de 6,8% para brancos e 10,4% para pretos e pardos, uma diferença de 3,6 pontos percentuais. No Brasil, a diferença na análise por cor ou raça, para o mesmo grupo etário, chegou a 17,6 pontos percentuais.


Com o objetivo de estabelecer metas, estratégias e diretrizes para a política educacional brasileira e promover avanços educacionais no País, o Plano Nacional de Educação – PNE, instituído pela Lei n. 13.005, de 25.06.2014, determinou, na Meta 9, a redução da taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais para 6,5%, em 2015, e a erradicação do analfabetismo ao final da vigência do Plano, em 2024. Desde 2016, como demonstrado, o DF já apresentava taxas bem abaixo da meta intermediária, exceto para a faixa etária de 60 anos ou mais, com indicadores significativamente mais distantes da meta para as mulheres (no caso de 2019) e para as pessoas pretas ou pardas.

O número médio de anos de estudo, o percentual da população com nível superior de ensino, principalmente as mulheres são destaques no Distrito Federal

O número médio de anos de estudo da população residente no Distrito Federal, de 15 anos ou mais de idade, foi de 11,5 anos, sendo maior para as mulheres (11,6 anos) que os homens (11,3 anos). O DF se destaca com os maiores valores entre as unidades da federação e acima da média brasileira de 9,7 anos de estudo. Verificamos na tabela abaixo, o aumento do número de estudos ao longo da série (desde 2016), no total e para ambos os sexos.

As pessoas com idade entre 25 e 39 anos possuem o maior número médio de anos de estudo (12,9 anos) e pessoas com 60 anos ou mais possuem o menor número (9 anos). Todos os grupos de idade, exceto os jovens de 15 a 17 anos (7° lugar entre as UF’s), tinham o maior número de anos de estudo do país (https://sidra.ibge.gov.br/tabela/7126/2#resultado).

O mesmo ocorre em relação a cor/raça, DF apresenta as maiores médias de anos de estudo entre os estados, com 12,3 anos para pessoas da cor branca e 10,9 anos para pessoas da cor preta/parda.

Das aproximadamente 2,5 milhões de pessoas com 14 anos ou mais de idade, residentes no DF, 28,2% possuem ensino médio completo, 27,8% superior completo e apenas 3% sem instrução (tabela abaixo). O DF possui os maiores percentuais de homens e mulheres com nível superior completo do país (26,6% e 28,7%, respectivamente), a frente de São Paulo (17,7% e 21,1%, respectivamente).

38,1% das pessoas de cor branca tinham superior completo e 20,8% das pessoas pretas ou pardas tinham nível superior completoNo DF, o número de pessoas brancas foi com superior completo foi de 19,4% maior que pessoas pretas ou pardasmostrando as desigualdades sociais ainda existentes na capital do país.

No DF, o nível de instrução das mulheres é um destaque, pois apresentam os maiores percentuais com nível superior comparando com as mulheres residentes em outras UF’s (28,7% delas com nível superior completo e 8% com superior incompleto). Da mesma forma, quando comparamos com o sexo masculino, as mulheres apresentam melhor desempenho nos níveis mais altos (médio completo, superior completo e incompleto), conforme tabela abaixo.

36,3% das mulheres com 15 anos ou mais de idade, no DF, frequentaram graduação ou pós-graduação

O número de anos de estudo de pessoas de 15 anos ou mais de idade manteve-se estável entre os anos de 2019 e 2018, mas comparando com 2016, houve aumento significativo (11 anos em 2016 e 11,5 em 2019), independente do sexo da pessoa. Levando em consideração cor/raça, houve aumento significativo para pessoas de cor preta ou parda entre os anos de 2016 e 2019 (10,4 para 10,9 anos).

O curso mais elevado que as pessoas de 15 anos ou mais frequentou, no DF, em 2019, foi ensino médio, EJA do ensino médio ou equivalente (37,7%), tanto para homens como para mulheresO DF se destaca por ter o maior percentual, entre os estados, de pessoas que frequentaram especialização, mestrado ou doutorado (10,5%), sendo superior para as mulheres (11,6%) que os homens (9,2%).

Somando as mulheres que frequentaram o nível superior às mulheres que frequentaram especialização, mestrado ou doutorado, tem-se no DF um total de 36,3% de mulheres de 15 anos ou mais de idade que buscaram um nível maior de escolaridade, destacando-se em relação a todas as unidades da federação (Roraima – 27,2% e São Paulo – 27,1%).

Estudantes no DF

No DF havia 895 mil estudantes em 2019, sendo 49,2% homens (440 mil) e 50,7% mulheres (454 mil). O maior percentual entre os grupos de idade foi entre crianças e adolescentes de 6 a 14 anos (41,4%), tabela abaixo. A cor/raça mais frequente entre os estudantes foi preta ou parda (59%).

Em 2019, no DF, entre os estudantes de 15 anos ou mais de idade do sexo masculino, 42,5% estavam ocupados e 57,5% não ocupados. Para o sexo feminino, havia 41,7% estava ocupada e 58,3% não ocupadas.

Distrito Federal é UF com maior percentual de estudantes de creche e pré-escola na rede de ensino privada

Quando observada a variável Curso Frequentado por Rede de Ensino, no Distrito Federal, em 2019, dos 95 mil estudantes que frequentavam Creche e Pré-escola, 50,7% frequentavam a rede de ensino privada, um aumento de 8,1 pontos percentuais em relação a 2018, e o dobro do registrado no Brasil (25,3%). Em comparação com as Unidades da Federação, o DF possui o maior percentual de estudantes da creche e pré-escola na rede de ensino privada, seguido do Pernambuco (45,2%) e do Rio de Janeiro (43,7%), e é a única UF com distribuição acima de 50%.

Para EJA, Ensino Fundamental e EJA do Ensino Fundamental (401 mil), Ensino Fundamental (386 mil), Ensino Médio e EJA do Ensino Médio (135 mil) e Ensino Médio (122 mil), os percentuais, para cada um deles, foram de aproximadamente 75% dos estudantes do DF na rede de ensino pública, abaixo da média do Brasil, que ficou acima de 82% todos os cursos. Em comparação com as UFs, o DF possui a maior proporção de estudantes de Ensino Médio na rede privada e segunda ou terceira maior proporção para os outros cursos.

Já para Superior – Graduação (211 mil) e Especialização, Mestrado e Doutorado (52 mil), a rede privada de ensino do DF concentra, respectivamente, 74,3% e 79% dos estudantes da categoria. Percentuais ligeiramente inferiores foram registrados no Brasil.


DF possui maior taxa de escolarização na faixa etária de 18 a 24 anos

No Distrito Federal, em 2019, apresentou uma taxa de escolarização (proporção de estudantes de determinada faixa etária em relação ao total de pessoas dessa mesma faixa etária) de 29,8%. Entre as crianças de 0 a 3 anos, esta taxa foi 26,3%, o equivalente a 36 mil estudantes, ficando abaixo da mesma taxa em nível nacional (35,6%).

Em 2019, no grupo de idade de 0 a 5 anos, a diferença entre as taxas de escolarização de crianças brancas (50,1%) e de pretas ou pardas (41,2%) era de 8,9 pontos percentuais.

Comparando dos dados de 2016 com 2019, verificamos que houve aumento significativo da taxa de escolarização para o grupo etário de 6 a 14 anos, da cor preta ou parda (98,9% em 2016 para 99,9% em 2019), mostrando um acesso praticamente universal à escola para esse grupo.

Na faixa de idade de 15 a 17 anos, foi registrado um aumento significativo de 4,9 pontos percentuais entre as taxas de 2018 (88,9%) e 2019 (93,8%). Este último valor só é menor que o registrado para o Rio Grande do Sul (94,4%). E para pretos/pardos dessa faixa etária (86,9% em 2018 para 94,7% em 2019).

O Distrito Federal se destaca também na taxa de escolarização entre os estudantes na faixa etária de 18 a 24 anos, alcançando o maior valor (46,2%) entre todas as Unidades da Federação. Com taxa de escolarização dos declarados de cor branca era 51,4%, os de cor preta ou parda era 43%, diferença de 8,4 pontos percentuais.

Também mostrou aumento significativo entre 2018 e 2019, para os estudantes brancos com 25 anos ou mais de idade (5,9% em 2018 para 7,8% em 2019).

A adequação entre a idade e a etapa de ensino mostra diferenças entre brancos e pretos ou pardos no DF

A taxa ajustada de frequência escolar líquida indica a adequação entre a idade e a etapa do ensino frequentado. Este indicador é calculado pela razão entre o número de estudantes com idade prevista para cursar uma determinada etapa de ensino (incluindo também as pessoas nessa faixa que já concluíram pelo menos essa etapa) e a população total na mesma faixa etária.

No Distrito Federal, entre 2016 e 2019, as taxas ajustadas de frequência escolar líquida para os estudantes de 6 a 14 anos no Ensino Fundamental e de 15 a 17 anos no Ensino Médio tiveram aumentos. As taxas passaram de 95,7% e 69,6% em 2016 para 97,5% e 76,1% em 2019, respectivamente. Já nesta taxa para os estudantes de 18 a 24 anos no Ensino Superior, em 2019, o Distrito Federal teve o maior valor entre todas as Unidades da Federação, alcançando a marca de 42,2%.

Em 2019, no tocante à cor ou raça, a taxa ajustada de frequência escolar líquida ao Ensino Médio foi 82,2% para as pessoas brancas, enquanto para as pessoas pretas ou pardas, 72,7%. Diferença percentual maior ainda estava na taxa ao Ensino Superior, com 50,9% entre as pessoas brancas e 36,8% entre as pessoas pretas ou pardas.

DF possui o terceiro menor percentual de pessoas entre 15 e 29 anos que não estudavam ou trabalhavam e proporcionalmente maior entre pretos e pardos

121 mil pessoas ou 17% dos estudantesde 15 a 29 anos, trabalhavam em 2019, no DF (5° maior percentual entre as UF’s). Foram consideradas as pessoas que frequentavam escola, cursos pré-vestibulares, técnico de nível médio, magistério (normal) ou qualificação profissional. Sendo o percentual maior para os brancos (17,6%) que os pretos ou pardos (16,2%) e, maior entre mulheres (17,1%) que homens (16,8%).

32% das pessoas de 15 a 29 anos (229 mil) trabalhavam e não frequentavam escola ou as outras opções citadas anteriormente, sendo 32,9% dos brancos e 31,6% dos pretos ou pardos estavam nessa condiçãoComparando mulheres e homens, verificamos que existia uma proporção maior de homens que trabalhavam e não estudavam (37%), em relação às mulheres (27,1%).

33,8% (242 mil) dos estudantes de 15 a 29 anos não trabalhavam (3° maior percentual entre as UF’s), tendo proporção maior entre os brancos (35,2%) que entre pretos ou pardos (33%) e entre as mulheres – 34,7% (5° lugar entre as UF’s) que entre os homens – 32,9% (2° maior percentual entre as UF’s).

17,3% (124 mil) dos estudantes de 15 a 29 anos não frequentava escola e não trabalhava (percentual abaixo da media brasileira de 22,1% e o 3° menor percentual entre os estados). Dentre as pessoas que não trabalhavam, nem frequentavam escola ou similar, 19,2% eram de cor preta ou parda e 14,4% eram brancose 13,4% dentre os homens e 21,1% das mulheres (3° estado com menor percentual de mulheres nessa situação, atrás de Santa Catarina – 16,9% e Rio Grande do Sul – 18,7%).

Na Região Centro-Oeste, os principais motivos, para pessoas de 15 a 29 anos de idade com nível de instrução inferior ao médio completo, para não frequentar escola ou outro curso foram: 46,8precisa trabalhar24,5não tem interesse e 16,3% por ter que cuidar dos afazeres domésticos ou de criança, adolescente, idoso ou pessoa com necessidades especiais. No Brasil, a falta de interesse foi superior ao Centro-Oeste (26,6%).

Por Michella Paula Cechinel Reis

Analista em Informações Geográficas e Estatísticas

Poliana Costa
Author: Poliana Costa

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